REDESCOBRIMENTO
Foi por esquadrinhar minha alma
que imergi no lago de mim mesmo.
Prendi o fôlego; esgotei-o.
Me afoguei inerme na água calma
junto às emoções flutuando a esmo.
Me perdi nas profundezas sombrias,
distanciei-me das coisas belas de outrora,
dos nenúfares, dos aguapés.
Desejei o silêncio ulterior aos dias
enquanto algas me atavam ao agora.
Corpos de água doce, náiades amigas
avistaram-me, curaram-me com portentos;
me profetizaram vida nova
com suas vozes a entoar cantigas.
Liquefizeram meus tormentos.
Elevaram-me à superfície verde-azulada
junto das margens juncadas de meu ser.
Vislumbrei toda a paisagem.
Sorri ao cheirar a esperança relvada;
ao ver, com olhos de jaçanã, um renascer.