Diário de Navegação

Remos incansáveis, A luz emitida pela estrela mor expande-se em seus mais diversos tons, que apaixonadamente avançam sobre os fios de seda e esses absorvem cada partícula de luz. Talvez, guiados por El dorado, minha tripulação mental se aventurara cegamente, e caímos em curvas contundentes, imersíveis e imprevisíveis.

Fomos divididos, estamos agora em duas ilhas distintamente semelhantes. O anil se faz intensamente presente, cravando minha alma, mexendo minha mente, o reflexo mor da estrela distante, se faz aqui ainda mais presente que nos fios sedosos de antes. De uma forma espectral, se espalha em linhas indefinidas de expressões que vivamente mostram os martírios de suas dores. Em meu encanto, não percebi que a ilha provocadoramente me seduzia a ficar e a morrer ali.

Naquele anil, metade dos meus se perderam ali, minha embarcação pegou carona em gotas translúcidas que pingaram da ilha, e novamente seguimos um caminho de imprudência e desatinos. Encalhados em dois montes belos, fazemos o caminho mas sempre acabamos no mesmo ponto. A maciez é convite a sonhos insólitos, o som que é emitido lá do escuro, é abraço, socorro, insulto, queda e levantar. Por fim, o resto de mim ficou ali e agora caio sozinho.

Não sei como sobrevivi, a queda mais imaginativamente instável de minha vida. Mas, quando enfim cheguei, me deparei com um duelo de duas gigantescas contradições, as palavras atingiam com precisão teatral o estômago das atitudes, e de uma maneira mais elegante as ações se defendiam e derrubavam o verbo no chão. Quanto mais olhei, notei que tudo parecia uma dança, uma coreografia intensamente trabalhada e ensaiada, porem, não se resumia a isso. Tudo por inteiro, era uma enorme contradição, um enorme duelo que se completava em si mesmo, se resumia em seus cantos, se expandia em suas ilhas e se criava incessantemente insana em sua profundidade natural, funcionando de uma forma tão bela que desafia a usual e batida natureza humana.

Sou expelido, tudo o que resta, é o reflexo de esbranquiçadas formações sorridentes, tentando competir talvez com o astro celeste. Nenhuma conclusão consegui tirar, apenas o desejo de revisitar as partes, de conhecer pedaços do tudo e por fim ver todo esse mundo.

Mthew
Enviado por Mthew em 13/10/2019
Reeditado em 13/10/2019
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