alma extraviada

tive partes de mim

extraviadas junto com as malas

naquela maldita despedida,

vi a arte e enfim

entendi o que precisava,

quero tanto dormir

afim de fugir pela madrugada

enquanto pessoas sonham,

seus sonos leves como uma pena

talvez fruto de suas orações,

o pesadelo que pesa uma tonelada

persiste após acordado,

sentimento bruto como os corações,

quantas noites atordoadas

e as manhãs que não passam nunca,

o suor na sua nuca em minhas mãos ressecadas

me faz querer viver por um instante,

esquecer-me do antes e não pensar no futuro,

me perder em você na estante e mesmo com tudo

me sinto tão pouco,

o subir de um novo sol, curandeiro das feridas

o despir de um novo sou, onde dores se amenizam,

já que tudo que me resta é toda vida pela frente

farei dela uma festa e aceitarei o seu presente,

mente que me prende aos lamentos inúteis

trancado em mim mesmo, com os olhos vermelhos

dentro dos prazeres mais fúteis,

onde as músicas conversam comigo

é minha psicologa e eu sou seu paciente,

a solidão se faz sólida, tem um lado que omito,

a independência é uma tortura quando se é carente,

a nudez dos meus versos

me mostra de fato o lixo que sou,

a lucidez tem um preço

encarar no espelho meu eu que restou,

cansado de ser um bom moço

o âmbito onde se despeja o esgoto,

prefiro morrer em meu próprio desgosto

do que ser morto pelas palavras dos outros.

R Lelis
Enviado por R Lelis em 23/10/2019
Reeditado em 30/06/2021
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