Ventre
Meus maiores amores estão distantes
E meu coração todavia desesperado
Não cabem no meu abraço como antes
Agora só me resta um enorme desalinho
De manter horas e dias contados
Jaz seco meu ventre materno
Pois já não aquecem mais o ninho
Gritos, abraços e o calor das palavras
É o preço a pagar pelo mundo moderno
Não inventaram tecnologias de abraço
a distância, nem beijo por correspondência
Mas desfazer pouco a pouco o laço
E o amor, razão da sobrevivência
Conta as horas nos ponteiros da eternidade
Porque sei que lá toda saudade é passageira
Pois coexiste com uma só realidade
O amor que semeei floriu para o mundo
É ele a minha verdade inteira
Páginas escritas do meu eu mais profundo