REFLEXOS

Intentava escrever com todas as sílabas que fixassem um sentido, num dia / um dia fascinado / e te erguer, significante das palavras, a música dos lábios se espraia como o mar - e reinvento a luminosidade nesta sala para que se declame o bem e o mal.

Ficámos a olhar a chuva súbita / quem sabe?: lapidar a angústia num balanço último do que está por cumprir. As poças azuladas nas pedras. (O eco do outro lado), vagamente se instala a humidade no exterior, ou um silêncio filtrado / eis as bátegas contra as janelas / e olhava a tua boca – no mínimo, a tua boca - /acreditava despir-te em apoteose. Eram visíveis os traços do nosso real, há sempre: mais uma palavra cintilante, a noite foi sempre: um pretexto possível / e o prazer consumado em corpos: despidos.

Carlos Frazão
Enviado por Carlos Frazão em 27/10/2019
Reeditado em 02/06/2020
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