Cinco da manhã, quatro conduções,
trabalhos incontáveis, estudos à noite
e uma tonelada de solidão pra carregar
Cedo demais pra deixar de brincar,
tarde demais pra voltar à inocência
Nunca fui cinderela, e da história
só conheci mesmo a foda madrinha
A maioria das pessoas que amei,
com sóis nos olhos e mel nos lábios,
chorei pra além do sétimo dia
A morte sempre andou do meu lado,
por vezes posso sentir seu hálito à nuca
e não raras às vezes até a ouço sussurrar
Não me julgue, eu tentei...
Fiz o que eles faziam, fui o que eles são,
até não aguentar mais tanta falsidade ;
e depois de ofertar as asas ao céu,
arrastando a carne no charco do inferno,
confesso que não tenho esperança,
ela me cheira a casa velha e abandonada,
mas nem por isso bebo da cegueira coletiva
nem rezo à cartilha do rivotril,
a vida pede drogas bem mais pesadas .

 






 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 28/10/2019
Código do texto: T6781312
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