Alma evolutiva
Curvado ao crepúsculo,
Abro-me a receber
A graça luminosa
Encher-me de clareza
Pelas rachaduras que
Expõem meu interior.
Fora eu o criador
Deste improvável Sol,
O único banhado pela
Ardência de sua
Misericórdia e
Pela efemeridade
De seu conforto.
A ventania é a certeza
De que será varrida
A poeira de minha
Desgastada e suja
Pele que anseia por
Sua antiga limpidez.
Em minha tardia
Frágil florescência,
Sou o solitário
Outono desprovido
Da companhia das
Folhas que murchei.
Mas sou eu
A única estação
Deste ciclo que
Começa, termina
E se repete nas
Renascenças dos
Novos conceitos
Que definem o “eu”.
Em fases, metamorfoses,
Destruições e reconstruções
Dos pedações do molde
Em novíssimas imagens
Que exploram meus olhos
Em curiosidade e receio
Nas dimensões do espelho.
Caminho muitas vezes
Em companhia da solidão,
A melhor maneira de
Vasculhar pelos próprios
Fragmentos de significado.
Cedendo o progresso,
A resistência é incerta
Assim como o resultado
De cada jornada
Traçada em espontâneos
Desesperos por respostas.
Desconheço-as,
Garanto-lhes que nunca
Fui capaz de encontrar
Sequer uma que esteja
Destituída de ilusões
E maravilhosas mentiras.
Porém inesgotável
Permanece o desejo
De perseguir
Até que seja alcançada
A fugitiva razão
De tantas irresolutas dúvidas.
Para isso,
Utilizo do individualismo
Como uma ferramenta
Que permite a
Descoberta de
Infinitas possibilidades
Que se submetem
Ao meu inacabável ser.
Um dia de cada vez,
Um verso de cada
Senso vitorioso
Que se alastra
Pelas camadas
De minha confidente
Alma evolutiva
De contínuas etapas
E imensurável versatilidade.