Além do rio
Além do rio
Do lado de cá do rio
há um homem prisioneiro
que além do rio não vai
algemas que as águas levam
que a força da correnteza
enterra no leito do rio
Aquém do homem
há um rosto de menino
olhos de susto escondendo
desejos do corpo e alma
Além do homem
o que há
se o medo esconde
o que é?
Do lado de lá do rio
há os mortos
esperando
com seu jeito complacente
de sentida eternidade
Segue a vida
correm as águas
num curso fora do tempo