CÉU OU INFERNO

É uma luta que não entendo direito, cada anjo puxando sardinha pro seu prato, eu, que nada entendo do pescado, sigo encabulado...

Se no céu é bom um bocado, pra que este enxame pra ver quem por lá vai ficar?

Eu, que já vivi alguns infernos, não me lembro de irmão por lá ter ido me visitar.

Voltei de lá mais forte, aprendi no jogo da vida que o céu não está no mapa.

Lá, no céu, por certo não sei chegar... Esqueci o caminho com tanta gente tentando me ensinar o destino. É tanto juiz querendo pra lá me orientar, que fico aqui a me julgar. Sou pobre pecador, rasgo meus pecados em pedaços, em alguns dou laço de estimação, gosto de uma pinga, e de um trago no capeta, se feita pelo diabo, foi Deus quem a ele deu a receita.

Gente chata que grita em meu ouvido, isto não é coisa do inferno, nos meus infernos, era só o meu grito que se ouvia.

Fico pensando, não sei direito... Se sigo meus demônios, ou viro elegância.

Não digo o que sei sobre céu ou inferno, só o que acho, não sei ao certo. Entrego minhas batalhas, crio um paraíso particular, dou nome que eu quiser... Alagoas, terra Natal, ... Este é meu céu, talvez purgatório para alguns, não vou julgar.

Venço a guerra, aceito convertidos e convencidos, e sigo minha paz.

Sou o dono de mim, crio minha arte, igual ao Criador, já rabisquei um poema e mudei a cor de seu vestido.

Aquele que criou o céu, por certo era poeta, pintava negros e troianos sem fazer exame de tinta.

Fico aqui pensando, não entendo direito... se Deus é isto ou aquilo, ele é até o juiz deste caso e nisto eu não me meto não.

No boteco ou na bendita, tem sempre gente benzida. Eu não sou juiz, vou escolher pro meu lado, o diabo que não me torra o saco.