Criança
CRIANÇA
Reduzo-me a uma criança,
Amando, pois, quem me ama,
Temendo, enfim, aos que não me temem,
Deixando, assim,
Partir quem um dia prometeu torturar meu tédio,
Se, ao acaso, deixo-me seguir com mãos melancólicas
Foi por tempos passados, proveitoso sorrir sem querer ofender o futuro,
Tudo se vai,
E mesmo sendo minha essência a de uma criança,
Impossível é renegar os traços de quem caminha para sua imortalidade (pois sou ambição)
Se amo, pois, quem nada me envergonha
Carinhosamente dou de mim o que nem em mim consigo guardar em dias de semana,
Chorando, com efeito, até mesmo nas trilhas alegres,
Mas caindo lágrimas que dão-se as mãos num laço de dança eterna,
Se, para o breve, humano sou,
Que humanamente eu não seja neste mundo,
Seja meus atos um enigma,
Seja minha cabeça um templo sem fiéis,
Seja o carnaval para cegos, surdos e mudos...