Criança

CRIANÇA

Reduzo-me a uma criança,

Amando, pois, quem me ama,

Temendo, enfim, aos que não me temem,

Deixando, assim,

Partir quem um dia prometeu torturar meu tédio,

Se, ao acaso, deixo-me seguir com mãos melancólicas

Foi por tempos passados, proveitoso sorrir sem querer ofender o futuro,

Tudo se vai,

E mesmo sendo minha essência a de uma criança,

Impossível é renegar os traços de quem caminha para sua imortalidade (pois sou ambição)

Se amo, pois, quem nada me envergonha

Carinhosamente dou de mim o que nem em mim consigo guardar em dias de semana,

Chorando, com efeito, até mesmo nas trilhas alegres,

Mas caindo lágrimas que dão-se as mãos num laço de dança eterna,

Se, para o breve, humano sou,

Que humanamente eu não seja neste mundo,

Seja meus atos um enigma,

Seja minha cabeça um templo sem fiéis,

Seja o carnaval para cegos, surdos e mudos...

Lucas Bezerra
Enviado por Lucas Bezerra em 06/11/2019
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