Melancolia XXX

Como não sangrar quando o desespero

bate em minha porta.

Eu fujo do que penso quando a lâmina

cria linhas em meu corpo.

Eu faço coro das vozes que me sussurram a noite.

Meu canto isolado do mundo

As paredes frias em contraste de meu corpo quente

Todos os olhos no escuro me encarando.

Dizimam meus desejos em rubro.

Vindo de mãos nos bolsos,

encenando com um olhar gentil

O verde da alma implorando para voar.

Dói o pensar, o agir,

o falar, o amar.

Segrego meus segredos dentro de cadernos

Eu escrevo pela dor que vive em mim.

Bate na porta, espanca-me

E judia do meu peito.

Todas as dores eu engulo com a força

de que não posso mais suportar.

Eu cancelo encontros que me sangraríam.

Ela não vai embora,

ela fica.

Faço trivialidades, tu ri disso.

Eu, sempre me sentindo magoado com o mundo

Choro por ver o lençol no chão.

Se me fez em jardim, não precisava pisar

com teus sapatos no meu coração.

Eu vago entre essas chuvas

que te molham ao entardecer

Te vejo se esconder das minhas lágrimas.

Se protege enquanto me machuca.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 14/11/2019
Código do texto: T6794332
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.