SANTO ANTÔNIO DE LISBOA

Na nossa Aldeia o sol nasce tarde

Porque tarde se despediu

Engolido que foi ontem, pelas águas da travessia.

Ao derredor das pedras, desgarradas

E sobre a areia fina e macia da praia

As marolas chegavam e revigoravam

Os nossos pés descalços.

Banhados pelo sol abrasador

Os sombreiros despiam-se das suas grandes vestes

Lançando as suas largas folhas

Ora sobre as terras, de Santo Antônio

Ora sobre a maré alta, de Lisboa.

Ao meio-dia calava-se o vento

E o silêncio tornava-se um canto.

Os pássaros agrupavam-se aos bandos.

A natureza se deleitava

E as horas, bocejando

Perdiam-se na contagem do tempo.

E nós descansávamos, também.

Fugimos para os sonhos

Recheados pela doce realidade.

Um reencontro magnífico entre a alma e o espírito.

O vento nordeste preguiçosamente acordava-nos rumo à tarde

Hora de levantar e saborear um delicioso café.

Uma caminhada se aproximava até perto do por do sol.

Quando sol se punha em Santo Antônio de Lisboa

Nós ficávamos deslumbrados pela aquarela das cores

Numa prosa de química irradiando poesia

A noite se aproximava para deixar tudo igual ante nossos olhos

Do azul do céu e do mar ao verde das matas

Sem emendas ou rasuras.

Nas obras primas de Deus nada se esquece

Apagam-se as luzes do cenário

Mas os entes da natureza sempre contracenam.

A lua chegava com a sua prata e a sua magia

Esparrama as suas luzes

Sobre o mar, um espelho d'água.

E na penumbra do sono

Nós tudo percebíamos

Desde as constâncias da quebra das ondas

Até o voo silencioso da gaivota perdida.

Enquanto o Mundo lá fora lambe as feridas do progresso

A minha, a tua, a nossa, Aldeia se cala.

Ela adormece pela paz que Jesus Cristo colocou em nosso interior.

Robertson
Enviado por Robertson em 20/11/2019
Reeditado em 20/12/2019
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