O Menino das Estrelas

Deixem que eu pereça vagarosamente

Não tentem me acordar ou me encomendar

Com rezas e benditos

Deixem que eu siga e vá suavemente

Em névoa ou cavalgada de proscrito

Se puderem, antes da última palavra

Levem-me para um lugar de arvores e rios

Onde eu possa em encontrando a natureza

Saber que estou em comunhão com Deus

E com uns poucos que me amam intensamente

E que em verdade, em verdade

Sei, são verdadeiramente meus

E se a noite vier mansamente

Acomodem suavemente minha cabeça

Sobre um colchão em retalho de folhas secas

E segurem com força minhas mãos

E deixem que em poesia eu me perca

Vivo cada momento intensamente

Sem que minha alegria seja o sofrimento do irmão

Ando à direita, pela contramão, à deriva

E vou-me; coisa verde, leve e viva

Em flores, chispas e espinhos

Pela doçura e aspereza dos caminhos

Se não fosse um homem

Seria um caramujo

Em razão do meu modo retraído

Mas sei que a distância que mantenho

É a distância que me aguça os sentidos

Sei que ainda não é hora de partida

A missão ainda não está completa

E eu,

Sou apenas um homem

Que teima em dizer coisas de menino

E enquanto não olhar as estrelas

E sentir que é hora de voltar pra casa,

Vou indo...vou indo.