Madrugada

A sala está acesa,

com seus quadros pendurados no tempo.

Do meu lado direito, uma planta dorme reclinada,

porque era o meio da noite.

O guarda-chuva está fechado,

pendurado na grade do terraço.

E as paredes, de tom amarelo-claríssimo,

permitem uma janela a 1 m

e 30 cm do chão.

Celulares sobre a mesa, DVDs,

discos,

a tomada que quebrou ontem.

Tudo dentro da ordem,

como um organismo alimentado pela lógica.

Inadvertidamente, num canto esquecido, de frente para

a porta em arco,

descansam os meus olhos, calçados em sandálias azuis,

procurando um poema aboletado no sofá.