AO ENCONTRO DE DEUS

Sob o véu desta noite tão serena

Neste instante por demais repentino,

Quando as estrelas todas em desatino

iluminam a nossa luta terrena.

Nesse momento de puro deleite,

Tendo apenas o luar por teu enfeite,

Eu te fecundo nas trompas, podes crer,

O óvulo que no útero irás conceber.

E tens este orgasmo múltiplo alucinante

De uivo lupino, estúpido e amedrontante

Que atordoa, de relance, o nosso cérebro

e permite da luz todo o revérbero.

E logo vem o mar em grandes vagas,

De desejos que não se encalha,

Beijar da areia o grande chão.

E então a brisa em nossos corpos,

cansados da grande batalha,

Atenua o calor da paixão.

E ao encontro de Deus nossas almas

rumo aos céus, colhendo manjares,

Fazem escarcéu pelos pomares.

Rubens Leite
Enviado por Rubens Leite em 06/11/2005
Reeditado em 27/11/2005
Código do texto: T68065