AO ENCONTRO DE DEUS
Sob o véu desta noite tão serena
Neste instante por demais repentino,
Quando as estrelas todas em desatino
iluminam a nossa luta terrena.
Nesse momento de puro deleite,
Tendo apenas o luar por teu enfeite,
Eu te fecundo nas trompas, podes crer,
O óvulo que no útero irás conceber.
E tens este orgasmo múltiplo alucinante
De uivo lupino, estúpido e amedrontante
Que atordoa, de relance, o nosso cérebro
e permite da luz todo o revérbero.
E logo vem o mar em grandes vagas,
De desejos que não se encalha,
Beijar da areia o grande chão.
E então a brisa em nossos corpos,
cansados da grande batalha,
Atenua o calor da paixão.
E ao encontro de Deus nossas almas
rumo aos céus, colhendo manjares,
Fazem escarcéu pelos pomares.