FRONTEIRAS ARTIFICIAIS

Não há armas para entregar

Entre a face, as mãos vazias

Decompôs-se a última palavra de afeto:

Somos noite em pleno dia.

Um navio negreiro ancora no cais

Moendas, moedas, canaviais

Heróis da ruína deixados para trás

Heróis de guerra na "cidade da paz"

Como loucos ainda estamos vivos

Dispersos sobre espaços desiguais

Sobre a torre, a catequese, a utopia

Ocupa fronteiras artificiais

O Estado dissolve-se a uma única lei:

Somos diferentes como petróleo e água

Século vinte e um,neocolonialismo

Castelo de areia, cortina de fumaça

Via-satélite sobre o Pacífico

Alardeando ao mundo: "somos iguais"

A metrópole da Terra,a liberal-democracia

Ocupa fronteiras artificiais.

Franciane Cruz
Enviado por Franciane Cruz em 06/11/2005
Reeditado em 31/01/2007
Código do texto: T68112