Coisas sem valor

As coisas que gosto sã maravilhosamente sem valor:

Um caco de vidro me basta para ver o oceano azul.

Um retalho de pano me faz imaginar a história das mãos que lhe deram cor.

Uma folha seca é suficiente para fazer-me vento.

Admiro as pessoas que conseguem multiplicar as insignificâncias.

Elas têm um curioso olhar sobre as coisas que não tem utilidade,

Enxergando mais profundamente o sentido verbal de não ter.

São seres que transitam por descomeços procurando por irrelevâncias.

Há ainda um mistério que a voz do poeta poderá revelar.

As coisas miúdas aprofundam o nada,

Desaguando nas pessoas desimportantes.

Essas inutilidades são perfeitas para amar.