LAMENTO

Preto velho

Carapinha branca

Medita sózinho

A suspirar...

Relembra

Com mágoa e saudade

Sua mocidade

Que tão longe vai...

A casa grande,

O açude, a senzala,

O café florescendo,

O terreiro a dançar...

E a "mãe preta"

Embalando o bercinho

Do seu "sinhozinho",

Ternura no olhar...

Escravo livre,

Feliz, sem chibata,

Sem tronco, sem marca,

Feliz a cantar...

Noite de lua,

Negro apaixonado

Beirando o riacho

Sózinho ao luar...

Preto velho

Carapinha branca

Sofre amargurado

Nem quer mais viver:

Ficou sabendo

Que há negro sofrendo

E ainda morrendo

Por causa da cor!...

Linandre
Enviado por Linandre em 06/11/2005
Código do texto: T68141