SAUDADES

Sinto saudades

Da velha Maria-Fumaça do apito lamentoso

Das paisagens tão faceiras, no trajeto tão gostoso

Sinto saudades

De ver o gado caminhando devagar iam passando

A poeira levantando e o berrante escutando

Sinto saudades

Do passa anel e lenço atrás

Das cantigas de rodas que hoje não cantam mais

Sinto saudades

Do pega -pega, boca de forno, esconde- esconde

Do pião, bola de gude e tentar pegar o bonde

Sinto saudades

De pular amarelinha e também o caracol,

Rolar pneu na rua e da pipa sem cerol

Sinto saudades

Das lagoas e do riacho e de tantas brincadeiras

Jogar pedras nas casas de marimbondo e sair numa carreira

Sinto saudades

Todo dia ás seis horas quando o dia se encerrava

O sino no alto da torre seis vezes se badalava

Do alto-falante distante ao longe se escutava

“O Pai Nosso” se rezava, a seguir a “ Ave-Maria” cantava

Sinto saudades

Da primeira namorada, que nem ela mesma sabia

Que comigo namorava

E quando ficava sabendo, no ato já “desmanchava”

Sinto saudades

Das amizades queridas que nem sei onde estão

Algumas sei que se foram, mas ficaram no coração

Sinto saudades

Do meu tempo de criança, juventude e rapaz

“Velhos tempos, belos dias” que hoje não cantam mais

Eram tardes de domingos que hoje não tem iguais

Sinto saudades

Sinto saudades, saudades, sinto e não minto

As saudades que mais sinto, são saudades de você

São todas saudades boas que eu sempre vou querer

(arnor milton)