O menino e a menina

Ele era tão criança

Que andava, ainda, cambaleante,

Como a menina no circo

Andava sobre o barbante

O menino levava um copo

Que a princípio transbordava

Acabou virando filosofia

O resto de água que o copo guardava

E o equilíbrio da menina circense

Guiava-se por uma sombrinha

Mesmo quando não chovia

A sombrinha aparava a chuva

Não deixava o copo encher

E o filósofo perguntava

Este é um menino vazio?

Foi um convite evasivo

Que a menina deixou escapar

Chamou o menino para o barbante

Para, ao lado dela, passear

Ela, uma gueixa de sombrinha

Ele, um ébrio de copo quase raso

Agora o peso no barbante

Fez o fio se retesar

Para que um copo vazio?

Não há linha reta a andar

E o copo vazio, e o barbante tenso

Encheu a caminhada de filosofia

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 21/12/2019
Código do texto: T6823644
Classificação de conteúdo: seguro