Existência vazia
Viver não traz alegria
não desfaz a fantasia
que nunca negou que iludia.
A fugacidade não devia
esconder a noite nem o dia
como quem sofre na agonia.
Só traz pranto em ventania
a se espalhar na nostalgia
enfim descobre que não ia.
Em lugar qualquer morria
na esperança sorria
um riso nascia.
Apesar da circunstância
tudo lhe servia
pouco ou muito valia.
Entregue a monotonia
um tempo de euforia
tornara harmonia.
Uma sinfonia
orquestrada sem maestria
para compor uma melodia.
No império em que sofria
a dor hegemonia
o poder da tirania.
Tirania que corroía
por inteiro se desfazia
numa existência vazia.
Tão humilde que só pedia
a força persistia
a alma sobrevivia.
No silêncio permanecia
enquanto aos poucos esmorecia
no calabouço resistia.