O desertado e o deserto

Há alguns anos atrás

Eu esquecia de que era capaz

Afundei na areia

Do deserto que cavei

E entre as dunas

Que se moviam dentro de mim

Nenhum oásis aparecia,

Para sombra e calmaria

Nada para hidratar naqueles dias,

Que em seu durante tudo morria,

E só ao cair da noite,

Que acabava o açoite,

Que o sentido existia

Esquecer da ardência,

Da demência e da letargia

Lidar com eles, todos os dias,

Sorrir com verborragia

Alegria, angustiante alegria

Hoje parece que calejei

Criei uma carapaça pra alma

Blindado da humanidade

Não mais em busca da verdade

Odiando a pressa e venerando a calma

Meus calos me calaram

O silêncio do deserto

As noites estreladas

As miragens observadas

Não mais se afundar nas pessoas rasas

A areia da ampulheta

Passa e leva nossa inocência

Fica o dever de não sofrer

Não mais, pela mesma consequência.