REMINISCÊNCIAS DA ALMA.

Hoje acordei esquisito,

o passado me invadiu,

como a felicidade da mãe terra

que me gestou e me pariu,

me vi menino do mato,

contando estrelas nos dedos,

guardando infantis segredos,

para os pais não desconfiarem...

Vi a águas caindo na bica,

o som saindo da cuíca,

na mais pura originalidade.

vi a mão polindo o arroz,

o pilão sofrendo mudo,

galinhas cacarejando sobre

o vasto da planície,

o cavalo relinchando debaixo

dos eucaliptos.

vi bois cangas e canzis,

e o carro de boi parado,

sobre ele a esteira de taquara

fabricada.

Vi o buli esmaltado

quase todo descascado,

esperando o café que em breve

será coado,

Ouvi meu avô tossindo, sentado

na sua cadeira,

minha vó crestando abelhas,

o mel apartando da cera.

Vi minha mãe encantada

com as flores das laranjeiras.

Vi uma poesia escrita

na subida da ladeira,

e um céu se preparando

para receber as estrelas,

as nuvens se retirando para detrás

de um espigão,

lá longe ainda ouvi o ladrar

do velho cão.

vi minhas irmãs na sala

sob o sapé da morada,

na mesa improvisada

comendo arroz com feijão.

E eu,

que estava nesta vibe,

Entre ruas alagadas,

caminhando num passado

que me deu satisfação.

Mas me sinto esquisito,

do meu peito sai o grito,

que ecoa nos sertões.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 04/01/2020
Código do texto: T6834380
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