REMINISCÊNCIAS DA ALMA.
Hoje acordei esquisito,
o passado me invadiu,
como a felicidade da mãe terra
que me gestou e me pariu,
me vi menino do mato,
contando estrelas nos dedos,
guardando infantis segredos,
para os pais não desconfiarem...
Vi a águas caindo na bica,
o som saindo da cuíca,
na mais pura originalidade.
vi a mão polindo o arroz,
o pilão sofrendo mudo,
galinhas cacarejando sobre
o vasto da planície,
o cavalo relinchando debaixo
dos eucaliptos.
vi bois cangas e canzis,
e o carro de boi parado,
sobre ele a esteira de taquara
fabricada.
Vi o buli esmaltado
quase todo descascado,
esperando o café que em breve
será coado,
Ouvi meu avô tossindo, sentado
na sua cadeira,
minha vó crestando abelhas,
o mel apartando da cera.
Vi minha mãe encantada
com as flores das laranjeiras.
Vi uma poesia escrita
na subida da ladeira,
e um céu se preparando
para receber as estrelas,
as nuvens se retirando para detrás
de um espigão,
lá longe ainda ouvi o ladrar
do velho cão.
vi minhas irmãs na sala
sob o sapé da morada,
na mesa improvisada
comendo arroz com feijão.
E eu,
que estava nesta vibe,
Entre ruas alagadas,
caminhando num passado
que me deu satisfação.
Mas me sinto esquisito,
do meu peito sai o grito,
que ecoa nos sertões.