Sirenata à Ulisses

A voz temida era sedutora,

Ulisses de saudade navegava

Para logo voltar em seu lugar.

A voz do oceano era chamadora,

O som da amada nela demonstrava

Imitação perfeita pra cantar.

A saudade de casa persistia,

O fazia confundir com a jornada,

E a figura do mar lhe alucinava.

A saudade logo o engoliria,

Um náufrago seria, sereia o nada,

Sem navio o mar apenas continuava.

O canto de sereia é peripécia,

Porém, por Circe foram alertados

Os nautas do perigo itinerário,

O canto ludibria heróis da Grécia

Daqueles nunca antes navegados.

Pediu pra ser atado neste horário,

O tempo de Odisseu ouvir cantar

A sirena Partênope nas ilhas,

Nos rochedos tão próximo de Cila.

O tempo necessário até cruzar

Das mais encantadoras armadilhas,

Deixaria sua Penélope intranquila.

A canção enlouquecia o nauta Ulisses,

E com cera no ouvido outros estavam,

Para não perecer os companheiros.

A canção que alguns caíram nas meiguices

Das mais belas figuras que cantavam,

Chamando-os na ilusão dos marinheiros.

O mar levou seis nautas pelo encanto,

Mas o bravo herói dele escapou,

Mantivera-se firme em sua proposta.

O mar mais uma vez tornou-se pranto

Num nostos que a odisseia não acabou,

Mais outra prova heroica sendo posta.