EU NÃO ME ENGANO!


Apenas me desengano.
Já menti,
para mim,
acreditando que
era uma luz,
uma centelha,
um péssimo poema.

Foi quando caiu
a armadura
que perdura
dentro
do peito aberto
com um conteúdo
batendo incerto.

Sou um inseto?

Aonde está a hipotenusa
do meu cateto?

E qual a quadratura
que definirá
meu grau
de formatura?

Não minto mais para mim.

E foi bom
enquadrar a verdade,
pois ela dói
menos que
a falsidade.

E caminhando
vou despido das
ilusões.

E não me pergunte nada,
de nada,
pois minha resposta
poderá ser o
embaraço
que
matou o gato.

E descobrindo fui,
nessa jornada
de um ébrio
sem
gota de
álcool
que a
febre que me mantinha
vivo era apenas o calor
de uma vida que,
enfim,
se viu despindo a si mesma.

E me descasquei por completo.

Sou o rei nu do cortejo
e não
me
importa
a dor do outro.

Sim.

Não sinto a dor do outro.

E sabe aquela vontade,
tremenda
de doar tudo aos outros?

Nunca tive.

E sabe aquele impulso de sair fazendo o bem?

Queria saber aonde vendem.

E nisso vou me tornando um atleta poeta
correndo dentro do labirinto torto sem Minotauro.

E não mais me engano...
Pois quebrei o espelho da mentira
e atrás dele havia a minha verdadeira imagem
trazendo
assim
de cara
nua e
pura a
sua mensagem.

Estou leve
livre
e forte na minha essência.

Afinal,
não seria
o verme que se sabe verme,
mais poderoso que o leão
que se crê apenas
um dilacerador de carnes?

Sou firme na minha essência profunda,
pois não carrego mais as culpas,
nem aqueles medos todos,
nem vou me remoendo pelos erros
do passado
e do presente.

Sou livre,
enfim,
pois não mais me engano!