Memória

Sol brilhando no céu.

Nuvens carregadas.

Tomam o lugar do sol,

Para nunca mais voltar.

Tempestade sobre a grama.

Um raio derruba uma árvore,

Outro abre uma cratera.

Mata o único animal que resta.

As nuvens riem,

Até se desfazerem.

Não há mais sol,

Somente o céu enegrecido.

Não há mais dia.

Tampouco a noite.

Tudo é um continuum

De agonia.

Nada mais morre.

Nada mais nasce.

Nada mais cresce.

Nada mais é,

Senão fundo.

Senão memória.

Memória nada é,

Senão criatura.

Criada para preencher.

O vazio que corrompe,

Que se espalha,

Que degenera.

Memórias dos tempos

Da vida sobre o solo.

Da vida dentro do solo.

Da vida abaixo do solo.

Vida que se esvaiu.

Pedra sobre pedra,

Desmoronou uma vez.

Para nunca mais se reerguer.

Não há futuro,

Só memória.

Que também se esvai,

Que é varrida para trás.

Plano sobre plano

Sobre plano, sobre plano.

Que se vai.

E nada mais.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 25/01/2020
Código do texto: T6850325
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