De repente, amanheceu!
A noite anterior de insônia, chuva torrencial e ao acordar você é tomada sorrateiramente por palavras tão depreciativas que jamais imaginaria sair de uma pessoa religiosa.
Ainda sem versos prontos, sem concatenar as ideias, começo a refletir...
Um ovo dividido para muitos, quiçá uma carne de segunda uma vez por mês ...
Um sóbrio olhar talvez furtivo...
E eu ali, pensando, pensando... com minha pequena xícara de porcelana com café, esfriando,
Tentando entender a pouca vida que resta dos anciãos.
Os casarões não habitam arrotos, nem roedores, não habitam vida.
É um silêncio que dói!
Uma escuridão de alma, de espaço, de pensamentos coloridos...
Sem fôlego, o foco muda de direção e entra na vaidade.
A vaidade de ser, de perceber-se.
A educação anda tão atormentada que anda se reprovando no Enem.
E então, vejo o tempo mostrando que estão “denegrindo a imagem das palavras”, mudando seus significados.
Bondade, perfeição, santidade...
O bom virou vilão, o perverso virou “santo” e homofobia virou “brincadeira despretensiosa”.
O “gado” não é mais animal, o “burro” virou humano, o “cego” não tem cegueira visual.
O bom mesmo é fingir que não escuta
as asneiras proferidas por quem pensa ser fenomenal.
Os símbolos nacionais se tornaram pândegas.
A nacionalidade virou tormento e a estátua da liberdade, virou leviandade no Brasil das desigualdades.
Eliane Auer