BORBOLETAS NA SUA JANELA

Sempre fui criticada pelo meu jeito impetuoso, voluntário e espontâneo. Alguns me chamam de exagerada, falsa e até esnobe. E realmente fui. Fui assim por muitos anos. Pensava só em mim, não enxergando nada além do meu umbigo. Você sempre foi a primeira a me apontar o dedo, a me julgar e me encher de defeitos, mas no fundo sei que só queria minha amizade, minha cumplicidade e meu carinho.

Esperava que eu tivesse um pouco mais de gratidão, mas eu andava muito ocupada para te dar algum valor, aginal você sempre esteve ali mesmo, era só eu estender a mão...

Quanta petulância a minha! Quanto egoísmo, quanto tempo passou até que eu pudesse te enxergar! Assim como a lagarta vira borboleta, o tempo me fez um bem enorme. Se você tivesse ao meu lado perceberia minha mudança e ficaria feliz por mim, ficaria feliz comigo.

Mas você não me deu tempo...

Não quis ao menos escutar, nem me deixou te explicar... Talvez não tivesse mesmo explicação, mas por favor, tivesse ficado ao meu lado! Toda vida esteve, que tanto te atingir agora? Vê que não foi planejado, vê que talvez o mundo não tenha acabado... Agora me pego sonhando com você, e faço minhas as tuas palavras:

- De onde vem toda essa pose? De onde vem essa arrogância? Porque criou essa armadura?

Não te olho mais, mas se olhasse se não reconheceria. Essa pessoa não é você. Essa máscara não te acenta, essa mágoa não deve ser sua!

Os papéis se inverteram. Eu, que sempre fui o lobo acordei na pele do cordeiro (não, não é para ter pena, até porque nunca combinou comigo, mas era assim que você se via)

Pudesse eu reverter nossa história.

02/2012

Lu Ciana
Enviado por Lu Ciana em 28/01/2020
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