O tempo
Águida Hettwer
 
Por falar em tempo e horas marcadas,
A vida direcionada,
Por tantas andanças,
Gostoso lembrar a fase de criança,
 
Sonhos retidos na memória,
Tantas histórias,
O lápis desenha sentimentos,
O papel é um recôndito de anseios secretos.
 
Vagando nesse universo,
Deparo-me com cenas banais do cotidiano,
Quantas frases eu deixei calar, adormecida em silêncio,
Em lágrimas embevecidas, mergulhei meu pranto.
 
Em cálidas madrugadas desabrochei minh alma poeta,
Experimentei os dissabores do mundo,
Sofri na pele, dores de amores que partiram sem deixarem rastros,
Apenas acenando ao longe...
 
Bebi do vinho da sedução,
Selei lábios em ardente paixão,
Fiz pulsar forte e descompassado o coração,
Tomei posse, em rédeas curtas nesse território.
 
 
Carrego na bagagem a coerências aos moços,
 Sabedoria aos velhos cabelos grisalhos,
 Sepultei mágoas antigas,
 
 Aproximei pais e filhos,
Que viviam distantes,
Sim, sou o tempo!
Missionário do universo.
 
Em mim, o âmago ferido encontra abrigo,
Refugio das emoções profundas,
Oriundas de alma a penar.
 
Sou sorrateiro e efêmero,
Abro as janelas da alma,
Confronto sonhos e esperança,
 
Deixo um ponto de interrogação,
Nas estações da vida
Sou o tempo curandeiro de tudo.
 
08.10.2007