ENXOFRES

Eu sou tão somente um poeta

que não quer e não se completa

em meio às dúvidas que se enredam

entre o abrir e o fechar da fresta

— quando a madrugada se encerra

e o dia rosa cor de abóbora começa.

Estou sobre a vala cheia de merda

do fedor das línguas que se conectam

sob o ácido sulfúrico de suas moléculas

infestadas de ódio e mentira. E da inveja

afogada no brilhareco das mesas das festas

— onde não sou convidado pelos asseclas.

Eu sou tão somente um velho e sujo poeta

que não aceita ser — da troca — a moeda.