(E)FEITO PIPOCA

Como pipoca, não salto, se o óleo é frio, porque eu preciso de calor, de vapor, de muito e intenso fervor.

Quando me aquecem, feito a pipoca, eu pulo, de alegria, de entusiasmo, de amor,

e, como pipoca, estalo, faço barulho e mudo de cor.

Quando bem aquecida, eu transbordo do meu "mundo panela" e levo alegria para quem nem me conhecia, e (pre)encho sensações degustativas, olfativas, visuais e sentimentais.

Eu acelero batimentos e provoco ansiedades, de ser feliz e de saciar curiosidades.

Ao sentir um óleo quente, feito pipoca saio do meu mundo, atraio olhares, estimulo desejos, divido vontades.

O meu aroma exala de tal forma, que não há quem me sinta e quem me veja, que não veja que eu sou feita para saciedade.

É isso!

Sou assim:

Feito pipoca eu salto de mim, saio do meu espaço e me revivo, em mãos, tatos, emoções e palatos, e delicio, e distraio, e contento e satisfaço.

É tanto o bem que eu faço, que até quem não me quer bem, ao me ver, muda seu passo e compasso.

Sim!

Sou pipoca!

E, sendo pipoca, deixo que sobrem, em meu "mundo panela" ou em poucas vagas lembranças, todos os meus milhos estagnados: meus medos, minhas incertezas, minhas inseguranças e fraquezas.

No final deixo em meu "mundo panela" tudo o que faz mal para mim. Deixo todos os milhos que, fugindo de um bom óleo quente, se tornaram tanto a minha minoria, quanto a parte maior que não me compreendia.

Nara Minervino
Enviado por Nara Minervino em 05/02/2020
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