O silêncio do teu adeus
Separei nossas novas taças.
Aquelas que comprei num desses bazares de viela.
Separei nosso vinho, conservei deitado e em lugar fresco, bem como recomendado.
Separei a lingerie vermelha, de tua preferência, do modo como havias me dito.
Almejei teu calor e teu beijo que me arranca o ar e me tira o chão .
E bem no fundo, o calor de teu abraço por horas infinitas.
Era sexta-feira, 9h, despertei-me na ânsia e no êxtase de te ver às 14h.
Avistei o celular, não tinha teu bom dia rotineiro. Tomei por bem a iniciativa do bom dia. Nada feito. Nenhuma resposta sequer.
De repente fui encarcerada por um silêncio frívolo e ao mesmo tempo ensurdecedor, do qual, quanto mais silêncio, mais uma lágrima insistia em embaçar minha iris, d'onde relutava eu para que ela não me caísse rosto abaixo.
Nada fora feito.
Liguei. Chamada rejeitada.
Coloquei os embalos da canção daquele nosso compositor numa vitrola empoeirada que achei numa dessas bagunças, a fim de te chamar por uma tal coisa chamada conexão, ora, telepatia .
Sem sucesso.
Chorei como uma criança que deseja um doce ou assistir um desenho na tv e é impedida pelos pais, como há anos não havia chorado.
Senti o peito apertar, algo tal como uma dor física .
Procurei qualquer bodega qualquer: toda dor de amor se chora numa mesa de bar.
Te esperei por todo um dia.
E desse desencontro cercado de silêncios, a
saudade me disse pra ir te procurar. Segui o GPS por cada batida de meu coração: te achei.
Porém você não veio.
Apenas disse adeus por um silêncio, sem ao menos despedir-se.
Restou-me apenas uma saudade nunca matada , a lembrança de que és um daqueles sonhos bons de se ter, e esta carta nunca enviada.
Marinara Sena
26/01/19
01:24