Sorriso matinal
Estou no limbo do teu olhar
Estou nesse labirinto dantesco e voraz
Estou andando sobre cacos em pedaços
Um de cada vez
Indo em direção ao precipício do esquecimento bucólico
Paro no ponto dando sinal pra vida
Pra ver se ela me leva pra longe da praia
Se as marolas machucam menos mas eu sempre me atraso
Pois nessa coisa de viver
Pego sempre o caminho errado, a contramão ou passo do ponto
Desmedida como tudo que uso
Na viagem pra longe de você
Acerto a mão algumas vezes, mas a caneta me persegue
E quando vejo, lá estou eu descrevendo seu sorriso matinal molhado com café puro porque tinha acabado o leite
Viro na próxima curva
Desço mudando de rumo e tentando caminho contrário
Mas estou num labirinto, lembra?
Dou de cara no muro só pra não voltar pra você
Fingo meus versos na minha próprio ferida
Só pra ela sangrar mais por você
Me dou ao submundo só para não respirar o mesmo ar que você
Choro mais um pouco antes de desligar a TV
Virando pro lado tateando o teu espaço
Continuo chorando até me afundar no meu subconsciente, isso para fugir de você
Mas de que adianta no próximo sonho, no mesmo instante lá está você falando algo que leu no jornal com mais um sorriso matinal.