Ratos e parnasianos

Se empenhando,

suando como um suíno febril,

lutando contra palavras e pensamentos.

Toda uma noite debruçado sob um papel,

caçando sinônimos imprestáveis em dicionários amarelados.

Na mesa, um charuto importado e vinho branco com filé de peixe.

Caprichando incessantemente,

em cada verso,

mas nunca o bastante,

punhetando pelo poema perfeitamente

metrificado, devidamente pesado, prensado e enlatado!

Horas, dias, semanas, tudo para escrever algumas linhas

e impressionar animais de gosto duvidoso.

Amigo(a), para quê tanto parnasianismo

se o que tem dentro de você é a mesma coisa que tem dentro de um rato?

Para quê tanto Bilac se quem reina é Sade?

Não invente, não controle o que escreve.

Arranque, colha, estripe.

Ou não se dê ao trabalho.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 14/02/2020
Reeditado em 14/02/2020
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