Tem alguém batendo na porta
Olhando pro papel em branco
Penso no futuro em branco
No desenho meio abstrato
Meio surrealista
......
Um relógio derretendo no meio do nada
......
Olhando pro papel em branco
Penso no futuro em branco
E na poesia sem rima
Também penso que o futuro é meio manco
E que usa muletas.
Semana passada o futuro bateu na minha porta,
Mas eu tinha deixado de fazer guarda naquele dia.....
....
Mas nos outros dias,
Ah, nesses eu juro,
que estou sempre a aguardar o futuro
E que quando ele chegar,
e eu dessa vez hei de abrir a porta
Direi com toda a cordialidade:
"- Demorastes, querido... Vamos se achegar! puxe uma cadeira porque o próximo futuro não há de tardar."
E ele vai me mirar com um olhar meio morto meio ansioso
E vai se arrastar para o lado dos seus
Que a essa hora já se encontram todos meio mortos.
Mas não meio ansiosos....
Solitários.
Empoeirados.
E paraplégicos.