Metade de um infinito

Uma parte de mim está no eu não mais tenho

Desgosto do seu otimismo ferrenho

Um dia vou deixar de fingir que me importo

A apatia está em cada chamada do aeroporto

A lucidez é uma firme armadura,

Sorte é do louco em sua imprevisível brandura

Essa batalha me cansa em plena sinestesia,

Queria garantir a vitória com infantaria

Sigo todos os dias trocando a razão pela paz,

Técnica que por vezes de mostra ineficaz,

Entretanto a razão é a metade de um infinito

Ela zumbe, irrita e escapa como mosquito

Alegria vem com outra conquista

Largue, então, o seu olhar idealista,

Que te aterroriza a falta de proximidade

O futuro não se resume apenas a banalidade

Sou roubado pelo vento

Que desintegra cada elemento

Cansei da curta mensagem

A mesmice enferrujou a engrenagem

E levou o mecanismo para além da inconsciência

O homem de lata clama por beneficência

O som do sopro que atingiu meu ouvido

Provou que o efêmero foi instituído

De um milhão de gravadas letras

Daquelas que entram como penetras

Das letras que esculpir preciso,

Mas um pause na metalinguagem que deslizo

No sonho que me conforta a chuva

Pouco a pouco acaba a ficção da viúva

Então, divido a possibilidade

Preciso fugir com individualidade

Do quanto atrasam a minha vida

Cansado seguro a cartaz na avenida,

De todos os lados nessa encruzilhada

Abra as portas da desorganização atada

Já tenho os meus três pedidos,

Todos eles estão desfalecidos

Só preciso achar o gênio,

Mas não faria sem gerar o bug do milênio

Por que não pouso o lápis com bom sentimento?

Novamente, as emoções sem planejamento

Entre monstros desconhecidos e de bolso vejo refúgio

Pactuei com as rimas como conjúgio

Incógnita, para aonde foi o coelho atrasado?

Vamos usar regra de três em seu tempo fustigado,

Mas as obrigações continuam para o final da noite

A escuridão não é ignorância, é açoite

Um por um, e não sobrou nenhum

A preguiça do tempo livre é comum

Não para o toque do telefone

Alto o som do trombone

Gosto de um dia de feriado,

Momento no qual o presente encontra-se desamparado

Hoje quero ficar com minhas memórias

Rasgar todas as notas promissórias

Vejo os desenhos nas nuvens, um sonho azulado

Descem Zeus e Morfeu do seu lugar enevoado

Uma parte de mim está no eu não mais tenho

Desgosto do seu otimismo ferrenho.

Rafael Thiago
Enviado por Rafael Thiago em 22/02/2020
Código do texto: T6871570
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