Garrafa

Ergo meus braços, rendido

minhas facas no chão

jogadas aos meus pés.

Estou aqui,

perdi a hora,

tanto ou mais perdido

do que quando você foi embora.

E sejamos francos

senhora,

é assim

até melhor

que eu tenha enterrado

o sorriso idiota

que eu sempre abri

por estar ao teu lado,

por confiar

mais na tua boca

do que no teu olhar.

Mas você segue

de bebedeira em bebedeira

na solene companhia

dos copos vazios

dos corpos e beijos frios

de calçada e de mesa de bar.

Que se fodam, enfim,

o bar inteiro,

o meu fígado

e a tua cegueira

Eu não vou gritar

só por mais uma dose.

No fundo eu sei... você sabia

que tudo o que eu queria

era beber a garrafa inteira

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 28/02/2020
Código do texto: T6876544
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