Um beijo no pescoço

Não faço das tuas as minhas palavras gastas

Não tenho tua fé ferrenha em nada

Não busco salvação dentro da forma

Sou ríspido

Saliente

E nada sincero com todos

Não sou santo nem covarde nem nada

Não clamo aos céus piedades e perdões

Não quero a ressureição, morrer já basta

Sou água de poça

Sou o dente do siso

Não bato em ninguém que não merece

Não sou cristo e não ofereço a face

Não tenho tempo para chorar indecisões

Sou suor trabalhado

Sou perfume no corpo

Não me rendo ás tuas bondades

Não acolho tuas sandices

Não quero ser tua meia face

Sou assim desde criança

Sou homem de lembrança

Não quero teu lado sano

Não quero teu riso de foto

Não quero teu almoço dormido

Sou o teu oposto

Sou o teu beijo no pescoço

Milton Oliveira

11mar/2020

milton milo
Enviado por milton milo em 11/03/2020
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