O EU ROMÂNTICO

Por mais que eu deseje me desvincular da razão, da criticidade de mim à outros, de meus romances as minhas aspirações. Eu moro e morro na autobiografia, pudesse eu deveras dar nome a minha sombra; romantismo seria ela e toda essa afronta.

Toda essa "dinâmica" arrasa minha carne, esses padrões dos quais a quilômetros sabem se possuímos ou não faculdades, patrimônios ou seriedade. Prefiro a solidão e sou forçado a grupos, minha incompreensão destrói qualquer sentimento dificultoso que insistem em me passar por telas, usando assim da coitada arte ou outro "movimentinho" político.

Autenticidade é um fardo pra poucos; uma foto que traz uma lembrança devastadora, uma peça de teatro que rodeia por dias na cabeça depois de assisti-la... Não saberia mencionar, entretanto soube que surgiu na França (o que não surgi na França). Que nas últimas décadas do século XVIII foi o Romantismo; aproximadamente em 1770; para me tornar um romântico não li nada de William Blake, nenhuma pintura de Francisco de Goya parei meu dia para admirar.

Mesmo assim transbordo no meu eu romântico. Uma parcela considerável é tudo isso dentro de mim, meu melhor anda sempre abaixo no nível do mundo e disso tudo que requeira de homens como eu. De tudo que todos colocam em jogo, quê jogo... Essa vida é minha última chance, vou me autojustificar porque desculpismo sempre foi a porta de escape dos que abandonam as próprias obrigações.

A sorte dos ignorantes chega a ser sublime, sinto inveja de tanto ateísmo ridicularizado, de nada sabem ou querem saber. Continuo romântico. Queria rir da tola comédia, da piada vil, não dizer nada de uso, não abrigar a razão dentro de mim, ser jovem pra sempre e não entreter a velhice. Ressalva uma doença crônica que a maioria carrega: encaixar-se.