Venialidade

Maldita alma prenhe de paixão,

Que na ante sala do coração se omite

E deixa ansiosa escapar-lhe a razão.

Em que dor se enrodilhou sozinha?

Maldita seja a ilusão que assim permite!

Não é o corpo que a alma cinge,

Seria como se a morte antecedesse a vida.

Cunha na carne o fogo da agonia,

Para que sobre o altar adormeça

Aquela que abraçou a vestal.

Dispa-se do furor da língua

Sem segredos , sem melancolia.

Segrega do corpo toda a cobiça;

Pois à mesa o vinho banha o pão que míngua,

Antes da comunhão de cada dia.

Maldita insurreição anunciada,

Vigorosa prova de fraqueza,

Que serve em cultos a carne vil;

Enquanto adoenta a sobriedade do espírito.

Rasga a pele com palavras amargas,

Mata a sede com penitências duras.

No mais profundo escuro da alma

A vida pulsa límpida e pura,

Servil e solitária como deve ser.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 11/10/2007
Código do texto: T689335
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