POESIA

A poesia me envolve,

Seduz, penetra...

Como um mito,

Rasga meus olhos

E me dá o dom da profecia.

Mas depois da performance orgástica,

Retrai-se como um punho

Cerrado no ventre

E me traduz ao avesso

Nas contrações dos obscuros desejos.

Um soco doloso, um exagero, uma simulação...

Reverbera e sangra

Parto difícil...

Transcende alma à luz do corpo desembrulhado

E me abandona

Nas veredas insones da linguagem

Com um verso natimorto

Pendurado ao peito ressecado

E com um grito profanado

Na cicatriz de minha alma em cruz.

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 11/10/2007
Código do texto: T690128