ANTIDIÁRIOS DE ABRIL III
III
Foi no olho da ventania violeta da madrugada
que o meu corpo torto ficou enquanto a alma
sobrevoava o entorno da esquina abandonada,
entre o branco na penumbra da força da rajada
e o arranjo de alfazemas selvagens que exalam
uma lavanda estranha, feito se todas ornassem
o instante mais preto e frio do antes da alvorada.
Devagar e depressa a paleta rosa da aurora passa
e a olaria da manhã rebenta, mas este azul invade
a noite sem capa. O poema é um espelho quebrado
e diz que o poeta é o chão onde ele está em pedaços.