A Flor do Espelho

Sob o silêncio das horas

Tracei os meus pés,

Mesmo sem saber quem realmente és...

Teu sorriso ainda é comedido,

Tua boca maliciosa repousa numa vontade fria de transgredir a lei do Teu marido.

Teu verbo calmo entranha na alma como entorpecente,

És uma pessoa decente!...

Mas o teu colo pecador inocente

Se esconde latente e pelas vestes duras vem me provocar.

Durante todo o dia fiquei pensando a espreita...

Uma falta, uma necessidade...

Ah!tentei sentir o teu cheiro,

Várias vezes quis beber o teu hálito e argumentei um sonho como seresteiro, ao teu escondido corpo, que feito parede, como um contraste na minha vontade, ousou não dar espaço ao desejo...

Nenhum toque de mãos,

Nenhum toque...

Nenhuma poesia.

Apenas os teus olhos de fogo, que pra lá e pra cá,

Serenos me assistiam.

Mas foi quando ias embora, em frente ao espelho...

Derriçasse os longos cabelos, dando luz ao salão inteiro...

Quando o teu corpo aquietou-se no vestido negro...

É que pude te ver por inteiro,

Pelo espelho, pelo olhos de fome descobri a mulher e porque o temor do homem...

Não sou digno de toda aquela formosura diante de mim.

Proibida sim, mas tão livre, que na primeira vez me ouvi.

Parei e não tive coragem de ver ou de falar qualquer coisa,

Pois que, a verdade de minhas intenções, mesmo as mais sinceras pasmaram nessa paixão repentina.

Essa doce menina, urbana me deixou sem maturidade e quase sem idade.

Não pude, se quer, conter essa saudade, que já existe, me consome e faz o meu coração rejuvenescer.

Tudo pareceu um beijo de despedida, um segundo, um acender e morrer, pois quando me encontrei...

No meio do nada, com o tempo na calçada, me perdi e

Nem o teu nome eu sei.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 11/10/2007
Reeditado em 12/10/2007
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