ANTIDIÁRIOS DE ABRIL IV

IV

O dia rebentou azul, mas tem agora um colorido de cinza,

este pano de chão sujo que no céu lado a lado predomina,

no bafo da manhã vindo do alguidar derramado da esquina.

Leio o Amor Natural do Carlos e algo em mim se modifica,

feito se uma brisa revelasse a senha que estava escondida

no labirinto dos vermes que não querem a sua alma infinita;

lá dentro no meio das vísceras. Onde sequer o sangue visita.

Na sacada da varanda registro os poucos carros da avenida

nesta realidade do vírus que é invisível aos olhos da alegria.

Canso os controles. Fito as janelas da casa. E abro a cortina

— na clausura da cidade e na camuflagem begeada da poesia.