A PIOR PRISÃO

Por entre as frestas das janelas

Entra uma luz imprecisa

Nem ilumina nem entristece

Por entre o vão da porta

Escorre um silêncio bonito

Mas que, decerto, antevê alguma morte

Por entre os ralos da área

Brotam cheiros de medo

Que exalam futuros assombros

Por entre as brechas do tempo

Toneladas de milagres dormem

O seu sono dos homens

Mas é numa pequena fenda

Quase invisível na parede quarto

(suficiente apenas para engolir sonhos)

Que flui um líquido verde

Com jeito de um rio estéril

Ali cintila uma meia verdade:

A ignorância é uma prisão sem grade.