ANTIDIÁRIOS DE ABRIL V

V

Há tempos ando no meio da selva da poesia, esta caçada

sem caça… Sinto as giletes afiadíssimas dos seus cascos

que aram a grama azul do domingo repleto de pedaços,

onde a vida se torna quase um longo instante demorado

— o poema é o fantasma que ludibria o poeta vulnerável.

Os confins de uma linha cinza ou ocre aleatória acasala

com as vísceras das horas que têm no alto a carruagem

assustada do futuro — este umbigo profundo do destino

do presente na utopia do real time. E do on line faminto.

Toco o livro físico. Não estou triste — tão somente aflito,

por entre os ofidiários do verso mais morto do que vivo.