HÁ UM GRITO NA NOITE
Há um estranho grito no mundo
Falam de sorte, medo e escravos
Diz o dito da morte, falam em nome da vida
Vejo notícias e distâncias, ouço de novo meu peito
Outra terra que nasce, outra vez esta vida que vence
Há um grito que muda
Mudo o curso das águas, chora a mãe em riachos
Falam de ordens, curas e danos
Uns dizem fé, outros, são os donos de tudo
Me vejo abrindo as cortinas, rasgo os verbos eternos
Já eram montes, já foram vidas
Há grito estranho na noite
Outra hora que conto
Este tempo não para
Passam os ventos do norte
Sigo a luz do Divino
Calo meu peito em brasas
Há um grito que cala, já não há mais amarras na morte
Estranho os passos de agora
Vejo que já foram momentos
Muda o tempo e a rima
Não grito a morte dos astros
Sossego meu peito e alma
Na paz que habita o silêncio.