Poema-criança

Todo poema abortado

reclama o espaço perdido.

E,revoltado, atira a culpa

nas palavras insuficientes

ou no sonho reprimido.

Todo poema silenciado

preso no limbo, reclama.

E solta farpas e chora

murmurando inconformado

todas as culpas do mundo.

Secam os leitos dos rios e as árvores

renegam seus próprios frutos.

Sedentos animais desabam

sobre a planície desértica...

E os sonhos sem luas e luzes,

clamam por estrelas.

Aquelas cintilantes chamas

dos poetas de todos os tempos.

Intuindo o caos,revolve-se na lama

a semente do poema abortado.

Em seu âmago retem os vestígios

de um mundo que deseja transformar.

E devolver-lhe todas as luas e estrelas

e o sol tímido das manhãs mais puras.

Não temas,tanta amargura. Sossega.

É só um poema-criança querendo voltar.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 12/10/2007
Reeditado em 12/10/2007
Código do texto: T691118