canto aos meus e aos mais

em memória de Paolo Augusto

canto o quanto canso

o quanto bebo

bebo à vitória

dos que já foram

presos

num passado

onde habita um dita-dor

em estado de permanência

continência

já era

havia noutra era

em mim um pássaro

à procura de livra-se

porque li-ber-da-de

era uma meta

não uma opção:

o escravizado negro

o branco

escravizado

canto o quanto canso

o quanto

bebo aos meus e aos mais

que já foram

amar em outras dimensões.

José Leite Netto
Enviado por José Leite Netto em 09/11/2005
Código do texto: T69112