ANTIDIÁRIOS DE ABRIL X

X

O trem que chega

É o mesmo trem da partida

Fernando Brant e Milton Nascimento

O poema é uma comichão intensa que no poeta se pronuncia

a partir da hemoelétrica cerebral e de toda a sua engenharia

— a de iniciar os neurônios e projetar mil imagens coloridas,

entre a amperagem dessa linguagem quase alienígena ainda.

O manuscrito do verso é a sobra do que atravessa esta colina

— e o que antes era conjectura agora é a ideia a ser cumprida.

Vejo o abismo suspenso da aurora de um roxo que predomina

no firmamento da rocha alta da nuvem, viajante da ventania.

Ouço o silêncio do confim da linha. As horas são as inimigas

que trafegam vagarosas na liberdade enclausurada dos dias.

— O tempo patrocina o que começa. E também o que termina.